Por volta de 1973, nos EUA, foi proposto a adoção de um sistema isolado para fornecimento de energia elétrica em salas de cirurgia. Tal sistema ficou conhecido como sistema IT e está normalizado pelo IEC 60364-7-710 Ed. 1.0 b -”Electrical Installations of Buildings - Requirements for Special Installations or Locations - Medical Locations, Part 710.413.1.5”, 2002. Este sistema tem a principal função de impedir que uma primeira falha interrompa o fornecimento de energia durante a cirurgia.
A utilização de sistemas IT Médico aumenta a segurança para o paciente e para o corpo clínico, pois a interrupção no fornecimento de energia elétrica em caso de uma falta é evitada, pois mesmo em um caso de curto-circuito fase terra, por exemplo, um equipamento eletro médico pode ser usado para auxiliar ou substituir, temporariamente ou permanentemente, funções vitais de um paciente. Além disso, ocorre uma redução nas correntes de fuga circulando pelo condutor de proteção, o que diminui a tensão de contato e consequentemente a intensidade de um choque elétrico acidental.
O sistema IT-médico palas salas consideradas do Grupo 2 (NBR 13534 Requisitos específicos para instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde) é de uso obrigatório, conforme determinação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária):
ANVISA RD 50: 7.2.3.1 - Aterramento:Todos as instalações elétricas de um EAS devem possuir um sistema de aterramento que leve em consideração a equipotencialidade das massas metálicas expostas em uma instalação. Todos os sistemas devem atender a normas da ABNT NBR 13.534 e NBR 5410 e NBR 5419, no que diz respeito ao sistema de aterramento. Fica proibida a utilização do sistema TN-C especificado na norma NBR 13.534 em EAS. Nenhuma tubulação destinada à instalações pode ser usada para fins de aterramento.
Desta forma a NBR 13534 deve ser obrigatoriamente observada.
NBR 13534 - Tabela B.3 - Classificação dos Locais |
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Confiabilidade do fornecimento de energia;
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Baixa corrente de fuga à terra;
ü
Aumento da segurança elétrica aos pacientes
e equipe médica;
ü
Aumento da continuidade operacional.
Os pontos principais que motivam a adoção do sistema IT-médico
em ambientes do Grupo 2 são:
ü
Reações naturais do paciente reduzidas,
senão eliminadas;
ü
Resistência elétrica natural da pele
reduzida, o que diminui a proteção natural contra choques elétricos. Uma
corrente elétrica direta no coração pode causar riscos de fibrilamento no
coração, no qual a intensidade da corrente é da ordem de microamperes (10 uA);
ü
Equipamentos eletromédicos utilizados
parcial ou permanentemente como suporte ou substituição de órgãos vitais do
corpo. Uma falha em um equipamento pode gerar desligamentos, podendo chegar a
óbitos;
ü
Gases anestésicos inflamáveis,
desinfetantes ou materiais de limpeza no ar. Oxigênio e óxido nitroso podem
causar explosões.
Logo, o uso de sistemas de alimentação do IT-médico é
exigido pelas seguintes razões:
ü
Aumenta a confiabilidade do fornecimento de
energia nas áreas em que uma queda de energia pode causar injúrias aos
pacientes;
ü
Reduz as correntes de fuga dos equipamentos
eletromédicos para um valor baixo, reduzindo, assim, a tensão de toque do
condutor de proteção, sobre a qual a corrente de fuga pode fluir;
ü
Reduz as correntes de fuga através
dos pacientes, protegendo-os contra choques elétricos;
ü
Aumenta a continuidade operacional dos
locais médicos.
É necessário manter a impedância do sistema para terra
em níveis altos. Este ponto é alcançado realizando com a adoção de um
transformador de separação, conforme as normas específicas hospitalares IEC 742
e IEC 61558-2-15, bem como atendimento à norma NBR 13534 e seus requisitos
básicos.
Deve-se adotar um Dispositivo Supervisor de Isolamento
(DSI) com resistência interna mais alta possível, gerando, assim, maior
confiabilidade ao sistema IT e menor corrente de fuga de primeira falta à
terra.
O sistema IT-médico oferece ao ambiente do Grupo 2
(salas cirúrgicas, UTIs, RPAs, salas de hemodinâmica, salas de emergência) a
vantagem de caso ocorra uma falha à terra, não haja desligamento do sistema
elétrico. Ou seja, a primeira falta à terra é admitida e alarmada para que logo
seja detectada, localizada e eliminada o quanto antes.
Arquitetura Típica de um Sistema IT-Médico |
Transformadores:
Os transformadores devem estar em conformidade com a
norma IEC 61558-2-15, com as seguintes especificações complementares:
ü
A corrente de fuga à terra do enrolamento
do secundário e a corrente de fuga do invólucro devem ser medidas com o
transformador sem carga e alimentadas sob tensão e frequência nominais. O valor
não deve exceder = 0.5 mA;
ü
A potência nominal de saída do
transformador deve estar entre 0.5 kVA e 10 kVA;
ü
Independentemente da alimentação – para
equipamentos fixos ou portáteis –, os transformadores devem ser monofásicos
DSI:
O dispositivo supervisor de isolamento, carga e
temperatura do transformador deve atender aos requisitos da IEC 61557-8 e
atender às especificações a seguir:
ü
A impedância interna CA deve ser de 100
kohm, no mínimo;
ü
A tensão de medição não deve exceder 25
Vcc;
ü
A corrente injetada, mesmo em condição de
falta, não deve exceder 1 mA, valor de crista;
ü
A indicação de queda da resistência de
isolamento deve ocorrer antes ou, no máximo, assim que esta atingir 50 kohm.
Deve ser provido um dispositivo de teste que permita verificar a conformidade
com este requisito;
ü
Deve haver sinalização no caso de ruptura
do condutor de proteção ou de sua desconexão;
ü
Deve possuir a supervisão de carga e
temperatura do transformador a fim de proteger o transformador em caso de
sobrecarga e sobretemperatura.
Um ponto importante para o DSI/DST é o valor mínimo de
resistência: quanto maior o valor de resistência interna, maior a
confiabilidade da proteção as pessoas perante os microchoques. A sinalização no
caso de ruptura do terra também é muito importante, pois um DSI que não tenha
esta função pode não desempenhar a medição.
Monitor
de Alarmes:
Cada esquema IT-médico deve ser provido de um sistema
de sinalização sonora e visual disposto de forma a permitir a supervisão
permanente pela equipe médica e dotado de:
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Sinalização luminosa verde para indicar
operação normal;
ü
Sinalização luminosa amarela que atue
quando a resistência de isolamento atingir o valor mínimo ajustado. Não deve
ser possível cancelar ou desconectar esta sinalização;
ü
Alarme audível que possa ser silenciado.
Localizador
de Faltas:
UTIs e RPAs possuem a característica particular de não
haver a menor possibilidade de desligamento elétrico, nem de programá-lo. Isto
se deve ao fato de um paciente em um leito de UTI, em boa parte dos casos, não
ter data e hora para sair, diferentemente de uma sala cirúrgica que, entre uma
cirurgia e outra, há a possibilidade de a manutenção do hospital intervir e
procurar o defeito elétrico (baixo isolamento elétrico). Isto torna a procura
da falha mais demorada e perigosa, pois quanto mais tempo para localizar uma
falha, maior risco do surgimento da segunda falha, que gera riscos eminentes de
choque elétrico nos pacientes e na equipe médica e risco de desligamento da
energia intempestivamente, gerando o consequente desligamento dos equipamentos
eletromédicos de sustentação da vida e monitoração do paciente.
Os sistemas de supervisão de resistência de isolamento
e localização de falhas para UTIs e RPAs são essenciais para uma localização
automática de falhas sem desligamento das tomadas dos leitos, agilizando a localização
da falha elétrica de um equipamento eletromédico ou até a própria tomada
elétrica do leito, tornando o sistema mais seguro.
O sistema de localização de falhas é um sistema de
detecção rápida, com a implantação de dispositivos adicionais ao sistema
tradicional, de fácil instalação e fácil operação do sistema. A utilização
efetiva dos benefícios destes sistemas pela manutenção e enfermagem para a
utilização confere maior confiabilidade às UTIs e RPAs e maior segurança
elétrica para todos. Este tipo de sistema está descrito na NBR 5410, que
menciona a recomendação de sistemas de localização de falhas para agilizar a
procura da falha.
Infelizmente muitas instalações hospitalares, inclusive que se encontram classificadas no Grupo 2, não possuem o sistema IT-Médico, muitas vezes por desconhecimento das equipes técnicas responsáveis pelo hospital e outras pelo despreparo dos projetistas de baixa tensão, os quais consideram instalações de centros cirúrgicos e UTIs como instalações convencionais, colocando em risco a vida de pacientes e comprometendo a continuidade do serviço elétrico nestes locais.
Fica o alerta para a ANVISA e para os CREAs! Fiscalizem os hospitais, existem muitas instalações irregulares!
Fontes:
Revista O Setor Elétrico, Ed. 43 agosto/2009 (Sérgio C.)
Catálogo Schneider IT Médico
NBR 13534 – 2008 – Instalações Elétricas de baixa tensão – Requisitos específicos para instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde.
NBR 5410: Instalações Elétricas de Baixa Tensão;
Resolução – RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 – ANVISA;
IEC 61557-8 Ed. 2.0 Electrical safety in low voltage distribution systems up to 1 000 V a.c. and 1 500 V d.c. - Equipment for testing, measuring or monitoring of protective measures - Part 8: Insulation monitoring devices for IT systems
IEC 61558-2-15 Safety of transformers, reactors, power supply units and combinations thereof - Part 2-15: Particular requirements and tests for isolating transformers for the supply of medical locations
NR-10.
Ótimas informações
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